Olá, o IEMA lançou o inédito inventário de emissões das usinas termelétricas brasileiras, referente ao ano de 2020, no fim de junho. O estudo consolida uma base de dados com parâmetros técnicos e ambientais como combustíveis utilizados, tecnologias adotadas e potenciais de emissões atmosféricas de 72 usinas em todo o território nacional. Pela primeira vez, esse conjunto de informações é disponibilizado em rankings de geração de energia, eficiência energética, emissão e taxa de emissões, inclusive por distribuição geográfica, das usinas termelétricas fósseis de serviço público que fornecem energia ao SIN.
Segundo o “Inventário de emissões atmosféricas em usinas termelétricas: geração de eletricidade, emissões e lista de empresas proprietárias das termelétricas a combustíveis fósseis e de serviço público do Sistema Interligado Nacional (ano-base 2020)”, a geração das usinas termelétricas quase triplicou em 20 anos, aumentando de 30,6 TWh (no ano 2000) para 84,8 TWh (2020). Com o estudo, ficou claro o impacto ambiental das usinas a carvão mineral: elas estão entre as maiores emissoras de todo o parque nacional e corresponderam a 20% de toda a energia por termelétrica produzida.
Além disso, a pesquisa tem informações sobre a geração de eletricidade e as emissões de gases de efeito estufa (GEE) alocadas nas respectivas empresas proprietárias das usinas inventariadas. Das dez maiores emissoras, apenas três – Petrobras (24,9%), Engie (19,0%) e Eneva (15,2%) – responderam por 59,1% das emissões. Apesar de ser a maior emissora em termos absolutos (tCO2e), as usinas controladas pela Petrobras empregam tecnologias mais eficientes, o que faz dessa produtora apenas a trigésima em termos de taxa de emissão.
O inventário, que será publicado anualmente, é uma ferramenta fundamental para acompanhar os impactos ambientais da matriz elétrica brasileira, seus avanços pelo território e se o tipo de tecnologia empregada está de acordo com o que há de mais avançado. Vale lembrar que está acontecendo no Brasil um incentivo cada vez maior para a instalação de novas termelétricas brasileiras. Inclusive, se a privatização da Eletrobras se concretizar como aprovada, há a previsão de instalação de no mínimo 8 GW – o parque termelétrico atual tem 14,8 GW – em termelétricas a gás espalhadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e da postergação de subsídios e da vida útil de usinas a carvão mineral até 2040. Ou seja, a conta de luz ficará ainda mais cara afetando diretamente a vida da maior parte da população brasileira.
E, neste segundo semestre, o IEMA acompanhará os leilões de energia elétrica publicando informações referentes a questões ambientais e análises sobre o impacto ao país atrelado a essas possíveis novas termelétricas.
Mobilidade urbana de baixas emissões
O Brasil está distante de uma transição energética justa nos ônibus coletivos. É o que mostra o novo estudo “Perspectivas para uma Transição Energética Justa no Transporte Público Coletivo no Brasil”, lançado em evento on-line em parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo em agosto. A pesquisa exclusiva aborda a transição energética na mobilidade urbana sob a ótica da política pública de direito ao transporte, além da tecnologia de veículos, analisando as condições para sua implementação no país considerando a atual crise no transporte público e a necessidade da troca de energia propulsora por fontes menos poluentes.
O estudo se faz fundamental, principalmente neste ano eleitoral, por identificar 3.950 iniciativas no Congresso Nacional e 3.387 registros na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara, desde 2005. Desses, o trabalho selecionou 98 para discutir. Entre as conclusões, notou-se que o governo federal não tem levado a cabo políticas estratégicas para a promoção de uma melhor mobilidade urbana.
“A gente precisa olhar a qualidade do ar, a questão da eletromobilidade e as políticas de forma integrada.” No evento Parque da Mobilidade Urbana, promovido pelo Connected Smart Cities e o Mobilidade Estadão, David Tsai, gerente de projetos do IEMA, participou da mesa de debate sobre “Eletrificação de Ônibus: O Brasil no Contexto da América Latina”.
Ar limpo
Municípios com mais de um milhão de habitantes, incluindo capitais, desconhecem a própria qualidade do ar. Faltam iniciativa política e clareza de propósito, recursos humanos nos órgãos ambientais, fontes contínuas de financiamento, planejamento estratégico das redes de monitoramento da qualidade do ar e padronização e publicação de dados e informações, mostra a nova análise “Recomendações para a expansão e a continuidade das redes de monitoramento da qualidade do ar no Brasil”, publicada em julho.
Em agosto foi criada a Coalición Latinoamericana por el Aire Limpio, Coalición ALAIRE, durante o primeiro Foro Internacional Ciudadano por el Aire Limpio que aconteceu em Bogotá, na Colômbia. O evento foi promovido pela Asociación Interamericana para la Defensa del Ambiente (AIDA), El Derecho a No Obedecer (projeto da Corporación Otraparte), Trébola Organización Ecológica, El Poder del Consumidor, Coalizão Respirar (com a participação de representantes do IEMA, Instituto Alana e Instituto Saúde e Sociedade, ISS) e a Fundação Heinrich Boll.
Na ocasião, Tsai apresentou como está o monitoramento da qualidade do ar no Brasil: apenas dez estados e o Distrito Federal monitoram a poluição do ar. Agora, os integrantes buscarão promover demais ações em conjunto para reduzir o problema no continente.
Pela primeira vez, a prefeitura de São Paulo publicou os dados e os relatórios de emissões de GEE e de poluentes dos ônibus, graças à ferramenta ReFrota elaborada pelo IEMA. A ferramenta, lançada em 2021, tem como objetivo auxiliar os operadores de ônibus da capital paulista a reportarem para a SPTrans as emissões geradas no ano anterior pelas respectivas frotas. Esses dados ajudam a monitorar o atendimento da Lei 16.802/2018, sobre a redução de emissões na frota de transporte coletivo na capital.
Transporte regional de cargas sustentável
Em julho, organizações representantes do GT Infraestrutura e Justiça Socioambiental, incluindo o IEMA, se reuniram para debater o futuro da rede e também construíram a Carta de Alter, documento com propostas para a Amazônia que visa contribuir com os debates do processo eleitoral e com o planejamento e a implementação de políticas públicas a partir de 2023.
A saber
O Relatório Anual do IEMA, referente ao ano de 2021, está disponível em português e em inglês abordando os 15 anos de organização e seu impacto.
O MapBiomas lançou a Coleção 7, com mapas anuais de 1985 a 2021 de cobertura e uso da terra do Brasil em resolução espacial de 30 metros. Desta vez, 27 classes foram mapeadas. O IEMA colaborou com a inclusão de 51 diferentes camadas, entre elas: dados georreferenciados de infraestruturas de energia, mineração, transporte, telecomunicação e agronegócio.
A ferramenta Ruralômetro publicada pelo Repórter Brasil, com a qual o IEMA colaborou, revela que 68% da Câmara dos Deputados são cúmplices do desmonte socioambiental promovido pela atual gestão federal. Ela indica se um deputado federal atua de forma positiva ou negativa para o meio ambiente, trabalhadores do campo, indígenas e outros povos tradicionais.
André Luis Ferreira, diretor-presidente do IEMA, participou de um debate sobre “Pobreza Energética” no XIII Congresso Brasileiro de Planejamento Energético, em Campinas (SP). Na ocasião, abordou a falta de energia elétrica pública e de qualidade em locais isolados como na Amazônia.
Na mídia
Tempo Quente/ Rádio Novelo. Crise e Oportunidade. O Brasil já teria uma solução para a crise energética se não fosse tanta gente querendo um espacinho pra lucrar.
Unibes Cultural/ Talks Culturais. Poluição do ar: Causas e Consequências. No Diálogos Envolverde, a live com o engenheiro David Tsai, gerente de projetos do IEMA.
Jornal do Comércio.Usinas de carvão do RS são menos eficientes. Térmica Candiota 3 foi indicada entre as plantas com maior taxa de emissão de gases de efeito estufa.
Megawhat. Eletrosul e Engie lideram ranking de emissões de gases poluentes do SIN, aponta IEMA. O inventário, que usou como referências dados do Ibama de 2020, considerou a quantidade de toneladas de gás carbônico emitido para cada GWh produzido pelas usinas.
Valor Econômico. Térmicas a carvão de três grupos lideram emissão de gás CO2. Estudo com dados de 2020 lista Eletrosul, EDP e Engie, donas de usinas movidas a combustíveis fósseis, que são menos eficientes.
Valor Econômico.Emissão de carbono por termelétricas cresceu 78% no Brasil em 2021. Geração por usinas termelétricas foi responsável pela emissão de 58 milhões de toneladas de CO2 equivalente.
CNN Brasil. Produção de energia por termelétricas cresce 77% em 2021, aponta estudo. Levantamento do Iema aponta que a participação da geração com combustíveis fósseis na matriz energética passou de 9%, em 2000, para 14% em 2020.
EPBR.Menos eficientes, usinas a carvão foram as que mais emitiram CO₂ entre termelétricas brasileiras, aponta estudo. Cerca de 72% de toda geração fóssil inventariada foi de responsabilidade de apenas cinco empresas.
Canal Solar. Geração térmica fóssil tem aumento de 177% no Brasil. Estudo do Iema questiona o planejamento energético nacional e a falta de mais investimentos em renováveis.
O Globo. Plano de complexo com 15 termelétricas em Macaé pode esbarrar na falta d’água e acende alerta. Empresa responsável afirma tomar medidas para mitigar impactos ambientais.
Estadão. Tendência do uso de termelétricas fósseis é permanente. Decisões do Executivo e Legislativo esticam vida útil de usinas poluidoras.
Uol. Transporte público pode colapsar sem mudança no financiamento.
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