Minicurso sobre qualidade do ar | Térmicas a gás

16 de março de 2022

Olá, você está recebendo o boletim com as principais informações referentes às atividades do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). O ano de 2022 começou focado na execução de estudos, mas também com ações externas. Pela primeira vez, a organização promoveu o minicurso on-line Plataforma da Qualidade do Ar. 

Realizado no fim de fevereiro, o evento aberto a todos os interessados contou com a presença de mais de 170 pessoas, reunindo setor público, privado e academia. Na ocasiãoas principais potencialidades da Plataforma da Qualidade do Ar – ferramenta que auxilia o poder público na divulgação dos dados de qualidade do ar – foram mostradas com o objetivo de fomentar as diversas aplicações científicas, além de auxiliar na elaboração de políticas públicas.

Durante a apresentação, David Tsai, gerente de projetos do IEMA e quem ministrou o minicurso, ressaltou que o monitoramento da qualidade do ar ainda é insuficiente no Brasil. “Não temos nenhuma estação de monitoramento na Região Norte, por exemplo.” Além disso, alguns estados carecem de ferramentas diretas para a publicação de informações. Visando auxiliar os órgãos públicos e tornar dados de qualidade do ar acessíveis à sociedade, o IEMA apoia esses estados desenvolvendo ferramentas para disponibilizar tais informações, como é o caso de Pernambuco.

Pela primeira vez, o governo pernambucano passou a divulgar em site oficial seus dados de qualidade do ar, incluindo informações históricas desde 2017. Essa divulgação está sendo feita encaminhando os visitantes do site para a Plataforma da Qualidade do Ar. Agora, Pernambuco ressalta que há uma rede de monitoramento no estado.

Além disso, as informações da qualidade do ar no estado de São Paulo referentes ao ano de 2021 já foram inseridas na Plataforma da Qualidade do Ar. Vale ressaltar que a Plataforma conta com a parceria dos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMAs) de diferentes unidades da federação.

Ar limpo

O IEMA divulgou no fim do ano passado uma nota técnica sobre a poluição do ar na cidade de Macaé (RJ), um dos maiores polos energéticos do país. Uma única estação do município totalizou quase  90 dias em que as concentrações de ozônio se apresentaram acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Mesmo assim, existem projetos locais de usinas termelétricas a gás natural para elevar a capacidade de geração de energia em mais de oito vezes.

Matriz elétrica limpa e inclusiva

As termelétricas a gás natural foram as mais contratadas no primeiro Leilão de Reserva de Capacidade, realizado em dezembro de 2021As 16 usinas ganhadoras do certame, todas movidas a combustível fóssil, emitirão cerca de 1,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) por ano, segundo análise do IEMA. Esse valor corresponde a 4% das emissões de todo setor elétrico em 2020, segundo dados do SEEG. 

Além da análise publicada após a realização do leilão, IEMA divulgou previamente a terceira edição do Boletim Leilão de Energia, que contava com diagnóstico preliminar do evento. Neste certame, as energias eólica e solar com tecnologias de armazenamento ficaram de fora, já que o governo restringiu a participação apenas às termelétricas: 90% da potência ofertada (32,7 GW) foram de empreendimentos a gás natural.

Salienta-se que, a partir do segundo semestre de 2021, o IEMA acompanha os possíveis impactos ambientais dos leilões de energia elétrica no Brasil e os divulga por meio da publicação de boletins, análises, releases e entrevistas. Os atuais leilões apontam para uma matriz energética brasileira mais emissora de gases de efeito estufa (GEE) devido a mais termelétricas contratadas e operando consistentemente. Até então, esse acionamento de termelétricas tendia a ocorrer apenas em épocas críticas de escassez hídrica (quando as hidrelétricas eram poupadas). 

O IEMA contribuiu com a Consulta Pública sobre o Plano Decenal de Expansão de Energia 2031 (PDE 2031). Veja o que foi proposto pela instituição. Entre os apontamentos, notou-se que o plano não prevê ações para conter o aumento do consumo e da importação de óleo diesel, ponto frágil com respeito à segurança energética do país e à descarbonização.

Mobilidade urbana de baixas emissões

Em evento on-line internacional promovido pela Fundação Rosa Luxemburgo de Bruxelas, o IEMA discutiu a transição pela qual a indústria brasileira deveria passar para contribuir com uma mobilidade inclusiva e de baixas emissões conservando, criando e melhorando empregos. Na ocasião, representantes da Eslováquia, Itália, Hungria, México, República Tcheca e Sérvia também revelaram o resultado de suas análises sobre o setor em seus respectivos países. A apresentação pode ser vista em inglês ou em espanhol.

Falta disposição política para a transformação estrutural da mobilidade urbana, a fim de se realizar um direito fundamental do cidadão, que é o acesso ao transporte de qualidade, ressaltou Isis Nóbile Diniz, comunicadora do IEMA, durante a apresentação. Esta foi fundamentada no estudo “Transição da indústria automotiva brasileira: desafios e perspectivas para uma conversão alinhada à mobilidade inclusiva e de baixas emissões”, que compõe um capítulo da análise mundial.

Transporte regional de cargas sustentável

Escoar grãos pelo Arco Norte, portos da região ao norte do país, pode aumentar o desmatamento da Amazônia e impactar comunidades locais, ressaltou André Luis Ferreira, diretor-presidente do IEMA, no evento “Corredores verdes para a soja: a rota sustentável até a China”. Além disso, abordou a falta de análises de alternativas para a logística de cargas brasileira. “O Brasil precisa produzir cenários de infraestrutura independentes para demonstrarmos a viabilidade de outras alternativas. O que é proposto hoje não é independente”, ressalta Ferreira. 

A saber

Trabalhe no IEMA. A organização está com três vagas abertas: de analista de energia elétrica e dois estágios para atuar na área de energia elétrica ou de emissões. Estes devem cursar engenharia, física, química, gestão ambiental, economia, estatística ou outras formações com ênfase em ciências naturais.

Na mídia

Revista NTUrbano. Transporte individual: ruim para a mobilidade, pior para a saúde. Medidas assertivas do controle de tráfego e investimentos no transporte coletivo contribuem para desacelerar as emissões de gases nocivos ao meio ambiente e à saúde                              

InfoAmazônia. Desmatamento na Amazônia reduziu chuvas e encareceu conta de luz para brasileiros. Pesquisa mostra que derrubada de floresta reduziu vazão de água e geração de energia em hidrelétricas no Centro-Oeste e Sudeste do país. Apesar dos impactos ambientais e na conta de luz, governo quer novas usinas e barragens no rio Tapajós.

Jornal Nacional/ TV Globo.Bolsonaro sanciona lei que prorroga compra de energia gerada por carvão mineral até 2040. A prorrogação dos contratos foi aprovada pelo Congresso Nacional em dezembro de 2021, depois de mobilização de deputados e senadores catarinenses que alegaram que a interrupção da exploração de carvão causaria desemprego na região.

Valor Econômico. 2022 será chave para metas do país, dizem ambientalistas. “Será um ano com tentativa de muita destruição pelo Congresso, de tentar passar todos os projetos que não conseguiram nos últimos três anos”, avalia a economista Ana Toni                                     

Reuters.Brazil extends coal use to 2040 under new ‘just transition’ law. Broadly, “just transition” is a process aimed at ensuring the benefits of a green economy shift are shared widely, while supporting those who may lose out economically, whether nations, regions, industries, communities, workers or consumers.

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