O município de São Paulo contou, no total, com 13.948 ônibus de transporte público em janeiro deste ano. Eles puderam trafegar mais livremente, pois a circulação de pessoas continua mais baixa se comparada com janeiro do ano passado na cidade de São Paulo. Consequentemente, a velocidade deles aumentou, proporcionando qualidade de vida a quem depende do transporte público. Além disso, a frota total de ônibus da capital paulista emitiu até cerca de 50% menos gases de efeito estufa e poluentes do ar quando comparada com a frota de janeiro de 2016. Houve, assim, melhora geral da questão ambiental e da saúde da população da cidade. Esses dados fazem parte dos indicadores de qualidade e de uso do serviço dos ônibus municipais que serão divulgados bimestralmente por meio do “Boletim Monitor de Ônibus SP”, lançado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).
As informações ainda apontam para o impacto da pandemia de Covid-19 no sistema de transporte público. A pandemia, exceto pelo problema óbvio de saúde pública, pode ser vista como um experimento na questão da mobilidade urbana. Ela mostrou que priorizar o transporte público, realmente, aumenta a eficiência socioambiental viária. O fato de pessoas seguirem isoladas socialmente e, consequentemente, usarem menos veículos próprios para se locomover, ajudou a melhorar a velocidade dos ônibus.
Isso mostra que investir em faixas exclusivas e corredores de ônibus pode ser uma das soluções para cumprir o Artigo 50 da Lei de Mudanças Climáticas (Lei Municipal 14.933 de 2009), que aborda a redução de emissões do transporte público na cidade. Afinal, os ônibus podem circular em melhor velocidade com esses recursos viários. Felipe Barcellos, pesquisador do IEMA, reitera que “os ônibus podem trafegar com maior fluidez e continuidade por meio de corredores ou mesmo faixas exclusivas, já que não competem por espaço viário com outros veículos, sobretudo com o automóvel”. “Dessa maneira, os ônibus ficam menos parados no trânsito e diminuem o intervalo médio de suas viagens, o que também reduz suas emissões atmosféricas”, complementa.
Ou seja, essa melhora de velocidade gera uma cascata de impactos positivos. Quando circulam com menos paradas ou menor congestionamento, os veículos emitem menos gases de efeito estufa (GEE) e poluentes do ar pelo escapamento. Também por isso, as emissões de dióxido de carbono (CO2), óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado (MP) emitidos na combustão foram 57%, 52% e 71% menores, respectivamente, do que no mesmo mês há cinco anos. Claro que essa redução também reflete a diminuição na quilometragem total percorrida pelos ônibus paulistanos, além da renovação tecnológica da frota.
Ônibus com tecnologias mais novas tendem a ser menos emissores de GEE e de poluentes do ar. Por isso, inclusive, para atender a Lei de Mudanças Climáticas, os operadores de ônibus preveem a troca de ônibus antigos por veículos menos poluentes. Segundo a lei paulistana, as emissões de CO2 dos ônibus precisam cair pela metade até 2028 em relação ao ano de 2016 e serem extintas nos dez anos seguintes. Já para MP e NOX, essa lei determina que as emissões sejam reduzidas, respectivamente, em 90% e 80% até 2028, também considerando 2016 como referência. Atingindo, assim, 95% de redução no ano de 2038. Baixe em PDF a imagem abaixo.
Monitor de Ônibus SP
O Monitor de Ônibus SP, criado e mantido pelo IEMA, estima as emissões do sistema de transporte por ônibus municipais da cidade de São Paulo. Essa estimativa é feita com dados de GPS transmitidos por dispositivos instalados em todos os ônibus paulistanos. Os dados são atualizados diariamente. Por meio dessa estimativa, é possível indicar se as emissões dos ônibus estão diminuindo a fim de cumprir as metas estipuladas na Política de Mudança do Clima do município de São Paulo.
Além disso, com o Monitor de Ônibus SP é possível acompanhar a evolução de indicadores de qualidade e de uso do serviço prestado como: emissões atmosféricas, velocidade média, frota por tecnologia e oferta de lugares. Assim, o IEMA espera colaborar com debates e ações em direção ao aprimoramento do sistema paulistano de transporte por ônibus. A ferramenta foi desenvolvida em parceria com a empresa de inovação Scipopulis.