Em mesa composta por representantes de diversos países, o gerente de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), Ricardo Baitelo, apresentou um diagnóstico sobre os desafios da transição energética no Brasil. A exposição ocorreu durante o evento “Just Transition To Avoid Climate Hell: Fossil Fuel Projects to Cancel and Strategies to Do So” (Transição Justa para Evitar o Inferno Climático: Projetos de Combustíveis Fósseis a Cancelar e Estratégias para Isso), na tarde de quinta-feira (13).
Ele destacou que, apesar de o país ter uma matriz elétrica majoritariamente renovável, o Brasil depende fortemente de combustíveis fósseis no transporte e na indústria. “Somos metade renovável e metade não renovável, por isso precisamos enfrentar petróleo e derivados muito mais do que carvão”, afirmou.

O setor de energia – incluindo eletricidade, transporte e indústria – emite cerca de 400 milhões de toneladas de carbono equivalente (MtCO2e) por ano, sendo que metade dessas emissões é proveniente do transporte. “Precisamos enfrentar a demanda, mais do que o fim da exploração. No caso do Brasil, isso é totalmente sobre transporte público e transporte rodoviário, dominados por óleo e diesel”, ressaltou Baitelo.
O gerente de projetos do IEMA criticou o uso de “falsas soluções”. “O que está sendo promovido são soluções falsas, como compra de créditos de carbono ou captura de carbono”, diz. Para Baitelo, tecnologias assim não se adequam às capacidades nacionais e desviam da necessidade urgente de reduzir a demanda por combustíveis fósseis. Segundo a “Contribuição Nacionalmente Determinada” (NDC) projetada pelo Observatório do Clima (OC), o país terá de cortar pela metade suas emissões em dez anos.
Como alternativa estruturante, destacou os biocombustíveis em áreas degradadas e novas gerações de etanol e biodiesel: “Isso requer muito investimento, mas precisamos começar agora para concluir em dez anos”, concluiu.