O Conselho Global de Energia Eólica (Global Wind Energy Council, GWEC) promoveu o debate “Integração Confiável e Adequada de Renováveis na Matriz Energética: uma visão latino-americana” em seu espaço oficial na 28ª Conferência das Partes (COP 28) da Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (UNFCCC), em Dubai. O evento, que aconteceu sexta-feira (dia 8), identificou os maiores desafios encontrados pelos países latino-americanos para triplicar renováveis e dobrar metas de eficiência energética (“double down, triple up”) até 2030 e, assim, agir no combate às mudanças climáticas proposto pelo lema.
O grupo de painelistas foi composto por: Ricardo Baitelo, do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA, Brasil); Rosana Santos, do Instituto E+ Transição Energética (Brasil); Heloísa Borges, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE Brasil); Ramón Mendez, da Associación IVY (Uruguai);Martin Dapelo – Cámara Argentina de Energías Renovables, CADER (Argentina); e Luisa Sierra, da Iniciativa Climática de México (ICM México).
Mesmo com características geográficas e climáticas tão distintas, os países que compõem o bloco padecem de desafios similares na geração, na transmissão e na precificação de energia. Os painelistas também foram unânimes em afirmar que, se os poderes público e privado não fomentarem a operação de uma rede sustentável e promoverem a integração das renováveis às suas redes, o objetivo proposto não será atingido.
Durante sua fala, o representante do IEMA abordou o trabalho realizado pela organização no mapeamento das comunidades na Amazônia Legal a fim de identificar seu acesso à rede, à falta de acesso à energia elétrica de qualidade – quase um milhão de pessoas é desatendida pelo serviço público adequado de energia elétrica na região. Ele também mencionou os altos valores das tarifas cobradas, sobretudo, nos territórios mais distantes dos grandes centros.
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“A transição energética não pode ser um obstáculo à mudança desse cenário. Diversidade é a chave”, salientou Baitelo que ainda mencionou a necessidade de unir sociedade e academia para obter ajustes na regulamentação energética brasileira que atendam aos grupos atingidos pela pobreza energética. Aproveitar a infraestrutura já existente no aperfeiçoamento da exploração aos recursos hídricos e restringir o uso de recursos fósseis foram outros pontos de sua fala.
Descarbonização
Envolver as estruturas atuais para geração de fontes sustentáveis é um passo importante para gerar menos impacto financeiro e ambiental, atitudes que vão ao encontro da necessidade de descarbonização e a baixa emissão de poluentes. Além dessas iniciativas, a troca de informações durante o debate levou a necessidade de construir uma agenda proativa em toda a América Latina que contemple as fontes de energia mais viáveis do ponto de vista ambiental-financeiro.
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Entre os principais gargalos do aumento do consumo energético estão o uso consciente e eficiente das grandes reservas de recursos internos. O fornecimento de energia estável, de qualidade e acessível também apareceram entre os mais importantes desafios, uma vez que, historicamente, não se construiu um legado nas operações das redes de forma sustentável e integrada. Caso essas duas variáveis não sejam consideradas durante a transição, dificilmente o intuito da “double down, triple up” será alcançado.