Sábado, dia 2 de dezembro, David Tsai, gerente de projetos do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) e coordenador técnico do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), participou via Observatório do Clima do Side Event “Localizando a ação climática por meio de soluções inovadoras e participação comunitária”, que fez parte da programação da 28ª Conferência das Partes (COP 28) da Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (UNFCCC), em Dubai. O convite foi feito pela Vasudha Foundation India. Estiveram presentes representantes dos governos estaduais indianos Uttar Pradesh, Gujarat, Madhya Pradesh, Assam; da União Africana (PACJA); da União Europeia; e do Banco Multilateral de Desenvolvimento (Banco Mundial /AfDB).
Veja na íntegra:
Durante o evento, Tsai destacou o papel do SEEG no monitoramento das emissões de gases de efeito estufa no Brasil. O primeiro relatório foi publicado há dez anos. “Antes desse período, não tínhamos um panorama que mostrasse a real situação do desmatamento e da emissão de GEE que, em nosso país, são muito voláteis. Os dados representam uma ferramenta para a criação e aplicação de políticas públicas climáticas”, ressaltou.
No início, as emissões de gases de efeito estufa eram estimadas no Brasil pelo SEEG em nível nacional. Agora, com as emissões alocadas aos municípios, é possível agir localmente em consonância com as comunidades, conhecendo suas realidades. A partir de então, segundo Tsai, é possível partir para o escalonamento de soluções a serem implementadas pelas organizações e pelos governos. Com isso, cada município tem, via SEEG, o inventário de suas emissões.
“O SEEG também produziu um catálogo de soluções para mitigar as emissões e que são aplicáveis aos municípios”, ressaltou o representante do IEMA.
O SEEG também aloca as emissões por estado. “Na COP 27 do ano passado, que ocorreu no Egito,o estado de São Paulo apresentou seu Plano de Ação Climática baseado nos dados do SEEG”, completou Tsai. O estado de São Paulo, que tem uma população maior de 44 milhões de habitantes, aderiu à campanha “Race to Zero” da Organização das Nações Unidas (ONU).
Do menor para o maior
Organizado pelo grupo formado pela Vasudha Foundation, Evangelical Fellowship of India Commission on Relief (EFICOR) e Gorakhpur Environmental Action Group (GEAG), o evento destacou como o conhecimento técnico aprimorado ao longo das gerações pertencentes às comunidades locais pode auxiliar a sociedade a evitar, bem como mitigar, os efeitos causados por desastres ecológicos decorrentes das mudanças climáticas.
De acordo com Srinivas Krishnaswamy, CEO da Vasudha Foundation, “é preciso investir no fortalecimento dessas relações para que possamos reverter os impactos das mudanças climáticas. É necessário começar do menor para o maior, escalonando métodos e iniciativas que trarão respostas viáveis a outras localidades”.
Como abordado pelos demais painelistas, a Índia – integrante do grupo de nações e entidades comprometidas em atingir a meta de emissões de poluentes zero até 2070 – apresenta uma diversidade de características climáticas, socioeconômicas, de recursos, de necessidades energéticas e de características demográficas, que pedem por abordagens de transição energética.
Representando o Brasil, além do IEMA, o seminário contou com a participação do Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, de Pernambuco.
UN Climate Change Conference
A Conferência das Partes (COP) é o encontro da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizado anualmente por representantes de vários países com objetivo de debater as mudanças climáticas, encontrar soluções e negociar acordos para os problemas ambientais que afetam o planeta.