A 21ª edição do Climate Change Performance Index (CCPI 2026), ranking internacional que avalia o progresso climático de 63 países e a União Europeia, responsáveis por mais de 90% das emissões de gases de efeito estufa, foi lançado nesta terça-feira (18) pela Germanwatch, NewClimate Institute e Climate Action Network (CAN International), durante a Conferência das Partes (COP30), em Belém. O levantamento apresenta um diagnóstico ambivalente: há avanços concretos, mas ainda insuficientes para colocar o mundo na trajetória do Acordo de Paris. Os avaliadores da performance do Brasil são especialistas do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) e do Observatório do Clima (OC).
Segundo o relatório, as emissões globais per capita estão em queda, as energias renováveis crescem de forma acelerada e mais de cem nações já adotam metas formais de emissões líquidas zero – quando a quantidade de gases de efeito estufa emitida por um país é igual à quantidade que ele remove da atmosfera. Mesmo assim, o ritmo geral continua “muito lento” para limitar o aquecimento a 1,5°C. Ou seja, mesmo dez anos após o Acordo de Paris, quando foi acordada a meta, a transição global avança, mas não no ritmo nem na escala necessários para evitar os impactos mais severos da crise climática.
“A despeito de avanços diplomáticos em direção à ação climática, da redução do desmatamento e do crescimento da geração de eletricidade renovável, o Brasil permanece em posição intermediária no ranking de desempenho climático devido aos planos de intensificar a produção de óleo e gás e da ausência, por enquanto, de um cronograma para a transição para além dos combustíveis fósseis”, ressalta Ricardo Baitelo, gerente de projetos do IEMA.
O CCPI avalia quatro categorias, com 14 indicadores: emissões de gases de efeito estufa (40% da pontuação total), energias renováveis (20%), uso de energia (20%) e política climática (20%). Esta última se baseia em avaliações de especialistas de organizações e think tanks dos respectivos países. Neste ano, aproximadamente 450 especialistas contribuíram para o índice.
Nas categorias de emissões, energias renováveis e uso de energia, o CCPI também aponta se os países estão adotando medidas para seguir um caminho compatível com o Acordo de Paris. O Brasil subiu uma posição do ano passado para este, de 28 foi para 27.
Assim como em anos anteriores, os três primeiros lugares do ranking permanecem vazios, sinal de que nenhum país está atuando em consonância com o que a ciência climática exige. O primeiro colocado é a Dinamarca, que aparece na quarta posição. O Reino Unido ocupa o quinto lugar, uma posição acima do ano passado, refletindo a conclusão de sua saída do emprego do carvão para gerar energia. Ainda assim, o país recebe avaliação “baixa” no critério de renováveis.
Logo atrás, o Marrocos (sexto lugar) mantém desempenho “bom” em quase todas as categorias. Com emissões per capita muito baixas, o país se destaca por investimentos em transporte público e por uma nova meta climática para 2035 considerada ambiciosa. Na outra ponta, os piores avaliados são Arábia Saudita, Irã e Estados Unidos.
O levantamento é publicado anualmente há 20 anos, mas devido a mudanças retrospectivas nos dados de alguns países em anos anteriores, a nova edição do índice só pode ser comparada às anteriores de forma limitada.